quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Piá

Piá d'alma pura de doce sorriso
me mostra de forma segura
que tem compromisso
com sua família
com seus amigos e povo

Também não aceita calado
nenhum tipo de abuso
e sabiamente questiona
o que está fora do lugar
para tentar arrumar
ou buscar uma saída
ou pelo menos o melhor caminho
trazendo pro seu aconchego alguem que esta sozinho
ou que só precisa de um carinho

Fugindo de seus sentimentos
Nem sabe os meus lamentos
Pois só o que eu queria era um braço amigo
Queria para as minhas ideias um abrigo
pois queria era ser parte
dessa política arte
de encantar, escutar e se perguntar
qual ação é que eu deveria tomar
uma questão de compartilhar

Mesmo assim eu agradeço
Porque pelo que aconteceu ainda cresço
Lembrando do tempo que desfrutei da sua companhia
Acho eu que não trocaria por nenhum dia
o que abrir meu mundo para você representou

Agradeço principalmente porque foi quem me mostrou monstros
que de começo não eram meus mas que precisavam ser combatidos
e se refletiram na confusão dos meus sentimentos
sei que agora não vão ficar mais perdidos
pois quero cada vez mais me reinventar sem esquecer as marcas de um passado
mas que esses monstros apareçam um a um
para que venha a coragem de enfrentar sem fugir de modo algum

E assim nós seguimos e tomamos nossos rumos
E se a nossa vida é feita de memória
ela é como um grande tecido entrelaçado por fios
feitos do mais sensível material
Nem aqui ou acolá você vai me escapar
Pois já ajudou a mudar e a construir os fios da minha nova história.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nas correntezas do Marajó

Nas correntezas que rumam a bela ilha lá no norte do Brasil
é por onde vive seu Edinelson de Castro
Marajoara de raiz
Um verdadeiro astro

Um poeta que profeta
um mundo que pode ser diferente
Com o pique e energia de um atleta
Nunca vai deixar de ser crente

Além de educar jovens, se dedica ao trabalho no Batalhão da Polícia Militar
E no outro tempo que tem viaja em seus pensamentos para além mar
com a leveza de suas mãos é capaz de erguer um barco sem usar nem cola
é capaz de esculpir da madeira uma ave sem demora
E mesmo na milicia simboliza para o seu povo um militante, guerreiro e protestante

Um caboclo assumido
Na bela cidade de Ponta de Pedras de onde vem
É personagem muito conhecido

Consegue misturar sua poesia com política
Sempre relembrando a história não contada
Sempre dando valor as pessoas que seguem nessa estrada

Mais de uma década de muita dedicação
para também seguir a sua nobre missão
de resgatar a historia dessa cidade
que no mistério permanece o que aconteceu no ano de 1999
quando atearam fogo na prefeitura
na revolta pela falta de estrutura
ou quissá pra queimar a prova de muita falcatrua

Pois esse homem sabe e sabe muito
que qualquer justiça só se faz
partindo daquilo que o passado tenta deixar pra trás

que a história do Marajó
é uma incrível mistura num povo só
que as pontas que ligam as pedras onde caminha
é feita de muito sonho, luta, amor e labuta
é feita por seu povo
e esse povo carrega na mente e n'alma
um brilho que se sente no olhar
e que só o escutar de suas palavras já alivia e acalma

mostrando que é ainda é possível
traçar histórias de vidas que se cruzam e se unem
mesmo nesse mundo tão imprevisível



sábado, 24 de setembro de 2011

No fundo do mundo

Profundo mundo esse de gente que vive
Nem sempre enxergado
Nem sem muito ir a fundo

Mesmo assim
A qualquer hora pode ser reivetado
A qualquer hora pode ser revivido
Certamente desesquecido

Porque nesse mundo o que há de profundo
É compartilhar de um novo olhar

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A força que o povo tem

Eunice, mulher guerreira e de imponente voz
A quem o destino feriu tanto ao tirar de seu perto
Pessoas a quem dedicou sua vida de maneira atroz
Esposo, filhos, que daqui partiram num destino incerto

Nos lares aonde desperdiça em vassouras toda sua força e energia
É pessoa reconhecida por sua história de superação com alegria

Mas talvez Eunice nem sabe a força que traz nas suas palavras
Carregadas da sabedoria de seus negros ancestrais
Quando diz que "o povo é como um cavalo"

Ela diz se um cavalo aprende que é capaz de pular uma pequena cerca
Então nada mais no mundo o cerca
Pois o bicho será capaz de pular grandes muros
E enfrentar até os caminhos menos seguros

Quando ela fala do povo então
Se enche de astúcia e certeza
Ao afirmar que como um cavalo
O povo mal sabe a força que tem

E ai se soubesse...
Se soubesse, seria capaz de em um estalo
fazer o mundo da forma que lhes convém
e para isso nem é necessário algum vintém

Mas assim há que se tirar da frente do povo
Essa cerca besta que o impede de enxergar um mundo novo...







Do encanto à escrita

escrevo porque me encanto
me encanto porque a cada acalanto
a cada pranto
conheço alguns alguens
vindos de tudo que é canto
e que fazem tanto
que aqui não me espanto
com as histórias que escuto
pelo contrário
pois onde há indignação
tento transformar numa ação
construída nunca por mim
mas em união sim
com vozes bonitas as vezes aflitas
com luta que transforma pobreza em beleza
com a transformação vinda da pureza
o encanto é urbano
pois não sou nenhum cigano
e na minha condição de moça da cidade grande
foram as lentes que o mundo me deu para enxergar
um mundo que muitos não veêm
e que outros tampouco creêm
mas um mundo que está ai
cheio de encantos
de norte a sul
do sertão ao oceano todo azul
de palafitas, ribeirinhas
de periferia de favela
de casas de luxo e albergues
de pantanais e mananciais
de prédios e arranha-céus
de casa feitas de ruas ou lonas
de vida feita por gente