domingo, 8 de setembro de 2013

Menino
Menino moreno
Teu olhar é profundo e sereno

Menino do cabelo cacheado
Teu viver foi encantado
Me encantei com o seu jeito simples
E desse jeito simples
Simplesmente a tua presença 
Me levou a verdadeira crença
De crer que eu posso ser
Em meio à juventude perdida
A minha própria luz e vida 
Aquilo que um dia eu sempre quis
e em meio a tantas tristezas me encontro feliz
só por tê-lo conhecido
Assim como eras
Assim como és
Um preto de ébano maduro
Ansiando o futuro

Menino tão delicado na feição
Soube fazer valer os olhos do coração
De andar tranquilo
A sabedoria de seus passos não eram nenhum sigilo
De mãos pequenas e tão cheias de coragem
Rezou a seus deuses para aguentar a viagem
Toque do tambor guardado em tantas memórias
Memórias que vieram antes de ti
Memórias de seus negros anciões que te guiaram até aqui

Pois desse lado do oceano
Sem saber aguardávamos esse seu ser tão humano
E além mar, esperamos pelo teu chegar

Menino querido
Com as garras de uma palanca
Puxou no teu tom de sua voz uma alavanca
Que cantou e dançou esperança
Que trouxe contigo sonhos de criança

Menino lutador
Que fez da causa dos outros
A sua própria vida e amor

Menino musical
Tua poesia estremecia sua luta
E tal qual toque de berimbau
Libertava com palavras
Lagrimas de um povo sofrido  

Nanheca, namibe
namiBENGUELA
Terra de tantos povos
Pintados numa bela aquarela
De histórias contidas, de vidas vividas
Donde vem a história desse menino moço
Menino que chegou no Paraná com 14 na identidade
Mas com caminhada que não se contava por idade

Menino Francisco 
Os teus 8 irmãos em algum lugar do sertão
Pedem por ti
Mama Joaquina e Baba Francisco
Também nunca deixarão morrer teu espírito    

Menino mulato
Teu partir foi ingrato
Mas menino de Angola
Veja só sua história

São tantas que podia falar que nem sei por onde......
Mas só a ti o que peço
É um simples perdão em nome desse mundo
Que cegado na rotina
Não conseguiu contigo ir afundo
E que me de a sua bença
A mim e aqueles tinham em você a imagem de um guerreiro  
A cegueira que vos falo não lhe permitiu calar a boca desse mundo inteiro 

Mas a família Benguela tem a ti como sentinela  

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